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Você não tem idade para isso
Como assim? Não tenho idade pra quê? Durante o Congresso da LIFE – Liderança Feminina em Movimento, o público foi provocado com esta afirmação: “Você não tem idade para isso…”
É intrigante, pois escutamos esta “sentença” durante praticamente toda a nossa vida. Crianças, adolescentes, jovens e adultos; em algum momento escutamos esta sentença oriunda dos pais, família, escola, empresa, sociedade!
Além disso, reproduzimos esta mesma sentença, quando queremos encurtar conversas, negar um pedido, fazer uma crítica, apontar incapacidades…colocar água nos sonhos de outras pessoas.
Também nos olhamos no espelho e apontamos a mesma sentença “você não tem idade para isso… É intrigante constatar o quanto são traçados e traçamos limites pelo fator “idade”.
Etarismo é discrinação por idade
Etarismo é a discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Minha reflexão de hoje é sobre a população 50+, um recorte onde me incluo.
Muito mais do que falar sobre as dificuldades, preconceitos e restrições; quero falar de possibilidades, oportunidades e abundância!
Lembro de uma ocasião em 2008, quando estava cursando MBA Executivo na FGV, e o Prof. João Baptista Brandão, ao contestar um colega de classe sobre escolhas de carreira, perguntou:
- Quantos anos você tem?
- 42 anos – respondeu.
- 42 anos? Que maravilha! Você pode ser um pianista famoso, ter a sua própria empresa e impactar o mundo! Você vai viver no mínimo até os 90 anos! Você pode ser o que você quiser!
E, é no mínimo até os 90 anos. Abro um espaço nesta newsletter para compartilhar este artigo do “El Colombiano”, desta semana, celebrando os 103 anos de Dom José Maria Acevedo – Fundador das Indústrias Haceb – um líder inspirador que tive a oportunidade de conhecer e conviver com sua sabedoria.
Um grande empreendedor que diariamente se pergunta:
“¿Qué puedo hacer mejor hoy?”
Vá por mais um café e abra este link!
Inspirada por esta provocação de Dom José e pensando em trazer algo que seja útil a você leitor(a), relembrei deste dia no MBA e da fagulha que, naquela época, criou em minha mente. Algumas ações tímidas começaram a ser implementadas: mudança para São Paulo, investimento em formação, construção de uma nova imagem, planejamento financeiro, experiência no exterior…
Essas ações foram muito guiadas pela intuição, pela vontade de progredir, pelo olhar para um futuro com abundância, onde eu poderia ser o que eu quisesse.
Mudança de comportamento
A tomada de consciência sobre mudanças de comportamento e atitudes em relação à gestão de minha carreira foram aumentando e se intensificaram por ocasião da minha saída do mundo corporativo em 2017.
“Eu não escolhi sair do mundo corporativo. A escolha foi feita por ele.”
Aqui eu tinha total clareza do que eu não queria: reduções, restrições, pensamento de curto prazo, etc. E o que queria? Ah, não sabia! Depois de uma lista exaustiva de tudo o que eu não queria nesta segunda metade de minha vida pessoal e profissional, começou a surgir o que eu queria: abundância!
Abundância de relacionamentos, de conexões, de amor, de propósito, de saúde, de vida…Enquanto o mundo corporativo me expulsava, o empreendedorismo me acolhia.
Minhas suspeitas de que “eu não tinha mais idade para o mundo corporativo” tomaram mais força quando encontrei muitos profissionais ao redor dos 50, 60 anos realizando transição de carreira, escolha de seus empregadores.
Os relatos sobre a forma como aconteceu, sobre a dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho em função da idade e, os questionamentos sobre suas capacidades eram muito comuns. Isto afetou fortemente a auto confiança e o otimismo em relação ao futuro de muitos.
Empreendedorismo como sonho
Muitos, como eu, escolheram empreender. Buscaram nos seus sonhos, nas suas fortalezas e talentos o que tinham de melhor, o seu valor, o que poderiam agregar e impactar. Outros revisitaram seu mindset e procuraram no mercado empregadores que “os queriam”, que valorizavam sua experiência, que respeitavam sua trajetória profissional, que viam neles “jovens” cheios de energia, vontade de aprender e de construir histórias vencedoras.
Além disso, envelhecer não significa queda na produtividade do cérebro. Um novo estudo americano sugere que, à medida que as pessoas envelhecem, alguns aspectos do desempenho cognitivo melhoram..
Desenvolvida pelo Departamento de Neurociência da Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos, a pesquisa descobriu que a capacidade do cérebro de absorver rapidamente novas informações e de se concentrar se torna mais nítida após os 60 anos.
“Algumas capacidades e aspectos cognitivos podem, sim, melhorar com o envelhecimento, conforme ganhamos experiência. Foi descoberto que neurônios podem se renovar, mantendo a nossa capacidade de aprendizado. O nosso cérebro é como músculo, precisa sempre ser estimulado”, explicou o geriatra e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Roni Chaim Mukamal.
Nas minhas interações com muitos jovens, como Rosa Bernhoeft, CEO da Alba Consultoria do alto de seus 80 e poucos anos de muita juventude, energia e sabedoria, me confirmam que este estudo faz todo sentido. Sim, estamos na melhor idade.
A disposição de aprender e se reinventar é incrível. A competição do inicio de carreira, abre espaço para a colaboração. Não há mais necessidade de provar nada para ninguém. A autenticidade e a vulnerabilidade se tornam cada vez mais presentes, felizmente!
Nos damos conta que o tempo voou! Que já tenho 50 e poucos e que tenho uma vida inteira pela frente, afinal vou viver até os 96 anos (meu plano). Me dou conta que estou no meu melhor momento de vida e carreira.
Me dou conta que tenho muito valor no mercado. Me dou conta que possa contribuir para que o mercado enxergue esta população de jovens 50+ com os olhos da oportunidade. Oportunidade de construir uma história diferente para todos os que vão chegar e para nós que já chegamos.
Olhe ao seu redor na empresa onde você trabalha: quantas pessoas têm 50+? Se você contrata, qual a última vez que contratou alguém 50+? Imagine todos os ganhos que a presenças destes jovens 50+ podem proporcionar para empresas, profissionais e sociedade. Cito alguns deles:
- A senioridade e a maturidade ajudam a “colocar a bola no chão”.
- A experiência gera inspiração e aprendizado para as gerações que estão chegando ao mercado.
- As empresas entendem a perspectiva destes consumidores que cada vez constituem uma fatia importante do mercado.
- Os profissionais se sentem valorizados e reconhecidos por sua experiência e capacidade de se reinventar e aprender.
- Se cria um sentimento de pertencimento, confiança e otimismo.
- Se amplia os indicadores de saúde e bem-estar desta população.
- A mentoria entre jovens 50- e 50+ é enriquecedora
- …
Quais outros ganhos você visualiza? Ajude com esta reflexão para possibilitar que mais jovens de 50+ sejam contratados e/ou encontrem o seu propósito neste momento de vida e carreira. E agora eu te pergunto: Para o quê, você tem idade?
Me conta!
Obrigada pelo seu tempo!
Salete Deon
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