Uma conversa sobre autoconhecimento: só tem uma saída e ela está dentro

Sim. Estou falando de autoconhecimento. A frase acima é de Ken Wilber, um pensador que concebeu a Teoria Integral, que literalmente integra várias áreas do conhecimento.  

É curioso…para alguém como eu que tanto busca o conhecimento e o desenvolvimento, me dei conta que passei minha vida buscando ele fora: nos estudos, no trabalho, na troca de experiências com as pessoas…mas foi justamente quando pude olhar para dentro de mim que mais me desenvolvi! 

Por 25 anos trabalhei focada em me desenvolver profissionalmente, alcançar meus objetivos e impactar positivamente as pessoas. Mas pouco olhei pra mim. Simplesmente eu quase nunca parava para refletir sobre meu mundo: pensamentos, emoções, desejos, necessidades, valores, crenças, medos, limites, talentos, forças, fraquezas, sabotadores, comportamentos e tudo que envolve saber quem eu era.

Fiz terapia em alguns momentos, mas sempre buscando resolver ou saber lidar com questões dos outros e não as minhas próprias. E sempre é sobre nós, nunca sobre os outros, não é mesmo? Mas naquela época eu não sabia disso.

É hora de parar

Em 2017, com a morte de alguém muito próximo, precisei parar. Parar tudo. Resetar. Foi quando comecei a olhar pra mim, para achar a estrutura necessária para lidar com tudo que tinha acontecido e com tudo que viria pela frente. 

Eu, que tanto valorizo o amor, me dei conta que o aprendizado mais poderoso que tive em minha vida veio da dor.

Fazer a formação em Coaching pela Erickson College foi uma excelente forma de unir conhecimento com autoconhecimento. Na formação, passamos nós mesmos por um processo de Coaching. É transformador.

“O que está atrás de nós e o que está diante de nós é irrelevante comparado ao que está dentro de nós”- Ralph Waldo Emerson 

Um dos fundamentos Ericksonianos que aprendemos nesta arte e ciência focada na solução baseia-se em cinco princípios: 

1 – As pessoas estão bem

Cada um de nós é uma obra em andamento. Em qualquer momento da vida, podemos desenvolver hábitos e competências completamente novos. Experiências e decisões feitas no passado nos trouxeram ao momento presente de nossas vidas. 

Não pode ser de outro jeito. Isso não quer dizer que “estamos quebrados e precisamos ser consertados”. Não. Estamos bem e do jeito que tínhamos que estar. Reconhecer isso oferece uma porta que nos leva além do julgamento, nos habilitando a verdadeiramente observar as novas opções que se apresentam.

2 – As pessoas já têm dentro delas todos os recursos que precisam

A maior parte do que fazemos melhor é oriunda de habilidades que nem temos consciência que possuímos. Conversas transformadoras permitem que as pessoas mergulhem em si mesmas e tragam para a consciência todos os recursos que possuem, agindo com seu melhor. 

Todos nós temos os recursos necessários para lidarmos com maestria com os desafios que enfrentamos. Acreditem.

3 – As pessoas sempre escolhem a melhor opção que podem no momento

Os três sistemas mente/cérebro (reticular, emocional e cognitivo) informam toda opção comportamental e cooperam para garantir desenvolvimento e aprendizado. As opções são feitas a partir deste lugar integral. Isso sugere que cada pessoa está sempre fazendo o melhor que pode com base no que está disponível para ela naquele momento. 

4 – Todo comportamento tem uma intenção positiva

Às vezes as razões pelas quais você ou outros fazem coisas podem ser confusas porque desafiam os próprios interesses ou intenções. Por exemplo, porque alguém come tanto doce se quer emagrecer? No fundo, esses comportamentos têm o objetivo de satisfazer a nossa maior necessidade no momento e isso é uma intenção positiva!

5 – A mudança é inevitável

Nosso sistema sensorial está sempre recebendo várias formas de estímulo e se ajusta constantemente, enquanto ao mesmo tempo o mundo exterior está sempre respondendo às nossas ações. 

O resultado é uma recriação ininterrupta. Enquanto você lê este texto, cerca de 50 mil células do seu corpo morrerão e serão substituídas por novas. Os mundos exterior e interior estão sempre mudando em um ciclo contínuo de feedback. Como seres humanos, temos a oportunidade de ir em direção a nossos objetivos e propósito de vida e apenas essa caminhada já traz mudanças. 

As perguntas que devem ser feitas são: “Quem você está se tornando à medida que muda? Você está se aproximando ou se afastando de quem deseja ser? Está vivendo sua vida por opções deliberadas e conscientes ou por acaso?” 

Todo este aprendizado e tantos outros que tive nesta verdadeira jornada interna foram chaves para me dar clareza e força e poder decidir sobre novos caminhos em minha vida pessoal e profissional.

Autoconhecimento não é moda. É a base de tudo. 

“Curioso paradoxo: Quando me aceito como sou, posso então mudar.” Carl R. Rogers

Deixo aqui quatro passos que considero importantes para você iniciar sua própria jornada de autoconhecimento:

• Seja humilde para admitir que não se conhece e corajoso para ir adiante nessa missão de autoconsciência.
• Acesse o seu “sentir” e tente entender seus sentimentos porque eles são janelas para o que está inconsciente e falam muito sobre nós que não conseguimos verbalizar
• Conheça seus talentos porque eles dizem muito sobre o que nos faz bem 
• Receba feedback:  temos pontos cegos que às vezes não vemos, mas é claro para os outros.

Em “tempos líquidos” que vivemos, o autoconhecimento é o melhor bastão para nos apoiarmos. Ele nos dá a estrutura para que não deixemos nossas vidas escorrerem pelas mãos, mas sim tomarmos decisões conscientes.

E você? Qual o caminho está trilhando para se conhecer melhor e poder tomar suas decisões de vida e carreira?

Conta pra mim?