Como lidar desde jovem com a expectativa dos outros com seu sucesso?

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    Como lidar desde jovem com a expectativa dos outros com seu sucesso?

    A foto que ilustra este artigo está no Yearbook da escola americana onde estudei em Montevidéu, no Uruguai, em meados da década de 80. Todo ano faziam uma eleição na escola – bem típico de colégio americano – com os “superlativos”: os mais engraçados, mais românticos, mais bonitos, mais paqueradores, mas estudiosos, mais esportivos, etc. 

    Naquele ano, fui eleita em duas categorias: a primeira foi “Romeo & Julieta” (eu era a Julieta…rsrs…e foi o Romeo que escreveu na foto). Tive um namoro bem sério nesta época e fomos considerados o casal “mais romântico da escola”. A segunda categoria foi “Most likely to succeed“, ou seja, os mais prováveis de terem sucesso. Eu e meu amigo Phil Fritz – que hoje é líder na área de inovação da IBM nos EUA – éramos adolescentes e ainda nem sabíamos exatamente o que faríamos na vida, mas esta expectativa nos foi colocada em uma simples eleição na escola. 

    Reparem que a representação de sucesso na foto era estarmos cheios de dinheiro…seria sucesso isso mesmo?

    Anos depois, já adulta e em um momento triste em minha vida, me peguei olhando para essa foto e pensando “é isso que é ter sucesso?”. Não. Não é mesmo. Ter recursos para comprar o que precisamos, morar em um apartamento grande e todas as coisas materiais podem ser sucesso se olharmos por um critério, mas isso não era sinônimo de felicidade. Sucesso não necessariamente traz felicidade.

    Acabamos de começar um novo ano e sempre desejamos para os outros e para nós mesmos que ele seja feliz. “Feliz ano novo!!” é o que mais ouvimos nessa época. E é nesse momento que estabelecemos nossas metas, criamos planos, lembramos dos antigos sonhos e (re)começamos a corrida para realizá-lo. Este movimento é ótimo e importante. Mas se nada disso acontecer, ainda assim você pode ser feliz.

    Comecei 2020 com a leitura de um livro que há tempos estava em minha lista e achei ele super pertinente para este momento. Chama-se “O jeito Harvard de ser feliz” do autor Shawn Achor. O livro traz uma analogia da relação felicidade/sucesso com a relação Sol/Terra lembrando da revolução de Copérnico, um astrônomo que desenvolveu a teoria heliocêntrica, ou seja, que Sol é o centro do Sistema Solar. Na época, isso contrariou diretamente a teoria vigente que defendia que a Terra era o centro.

    A analogia é justamente essa: e se pensarmos o contrário? Que a felicidade não gira em torno do sucesso, mas que ser feliz nos permitirá sermos mais produtivos e conquistarmos o que queremos? E que mesmo sem ainda termos conquistado, ser feliz pelo caminho já é um sucesso?

    O livro chama isso do Benefício da Felicidade.

    Lá, é mencionada uma teoria chamada “Broaden and Build Theory” que diz que “em vez de restringir nossas ações a lutar ou fugir como fazem as emoções negativas, as emoções positivas oriundas de momentos felizes expandem o número de possibilidades que processamos, nos fazendo ser mais ponderados, criativos e abertos a novas ideias”. 

    Levando este conceito para o mundo corporativo, muitas empresas com visão já sabem que devem cultivar ambientes de trabalho que gerem momentos de felicidade para os colaboradores, seja através da música, da comida, da diversão, da facilidade de acesso aos filhos, das oportunidades de aprendizado, etc. Estas pequenas “descargas de felicidade” tornam os profissionais mais produtivos e propensos a criatividade, a inovação e ao sucesso.

    Olhando para trás, vejo que eu estava certa quando ainda bem jovem respondia a clássica pergunta “O quê você quer quando crescer?” com a simples resposta: quero ser feliz!! 

    Escolher por momentos de felicidade no meu dia a dia, por menor que seja. Escolher por ter um olhar positivo e de aprendizado frente aos momentos difíceis que enfrentamos na jornada da vida (já enfrentei vários, podem ter certeza). Escolher por me cercar de pessoas que sabem me ouvir, me fazem rir, me chacoalham quando necessário, me acolhem. Tudo isso já tem sido um sucesso em si pra mim. 

    Independente do que conquistei, considero que o “como” encarei minha jornada já me ajudaram a poder dizer que a escola estava certa. Sim. Alcancei o sucesso 🙂

    Recomendo a leitura do livro, mas para quem preferir video, há um TED TALK onde o autor fala de forma bem divertida sobre os principais conceitos da psicologia positiva.

    Flavia Perez é sócia da Unblur Coaching & Consultoria e especialista em Personal Branding 

    Para saber mais, acesse www.unblur.com.br.

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