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A perda do poder
“Eu não ligo para o poder” é uma frase bem razoável para quem tem poder sem perspectiva de perdê-lo ou para quem nunca teve poder. Se isso faz sentido para você, continue comigo.
É importante deixar claro que o contexto deste meu ponto de vista é o momento da transição de carreira. E, não me refiro a mudar de área, me refiro a despedir-se do mundo corporativo a alçar novos voos, ainda antes de se aposentar.
Mas, que tipo de poder?
A persona deste contexto é alguém que exerce cargo de liderança há muitos anos e alcançou uma posição estratégica na organização onde atua. Portanto, o poder a que me refiro pode ser de diferentes tipos no exercício da liderança, como por exemplo, o poder de:
- influenciar,
- desenvolver pessoas
- tomar decisões
- controlar
- direcionar
- executar
- apoiar
- ter informação
- ser admirado
- ser respeitado
- ter as portas abertas
Pode ser que haja mais tipos, mas esses foram os que eu senti medo de perder.
A pergunta que me veio à mente foi:
Quem eu serei sem esses “poderes”?
Uma coisa, eu sabia, não seria mais a mesma executiva que eu fui. Essa imagem me agradava, porque não me identifico com o passado. Gosto de olhar para frente e projetar o futuro.
Teria que descobrir em mim, uma nova identidade. Mas qual?
Durante uma transição de carreira, há momentos em que sua futura identidade não fica muito clara para você. Ela depende de um processo de descobertas, tentativas e adaptações. Mesmo quando está preparado financeiramente para isso, talvez seja até pior porque você tem menos pressão por dinheiro, o que te dá mais possibilidades e te deixa mais confuso ainda.
A perda do poder dá medo porque com ele está indo embora parte da sua identidade. Esse medo e essa dor que eu senti duraram o tempo que eu precisei para perceber o que havia no lugar daquela perda. Por mais que eu tivesse claro que iria empreender, muita coisa ainda tinha que ser definida, construída, consolidada e, principalmente, provada para mim mesma.
Sabemos que toda perda é seguida de um luto que precisa ser vivido. Isso quer dizer, guardadas as devidas proporções em relação à morte (claro!), que você pode sim passar pelas 5 fases do luto referenciadas nos estudos da psiquiatra suíça Elizabeth Kubler-Ross (1926-2004), nesta ordem:
– Negação: “Imagine! Eu nem ligo para isso.” Ou “Nunca irão me tirar o poder que conquistei!”
– Raiva: “Esse mundo corporativo é um inferno mesmo.”
– Negociação/Barganha: “Não é bem assim! Eu ainda posso manter meus poderes de alguma forma.”
– Depressão: “A minha nova vida não é igual a que eu tinha antes e ainda não consigo sentir tudo o que ela tem de bom.”
– Aceitação: “De fato, não tenho mais aqueles super poderes, mas o que vivo hoje me empodera para fazer muitas outras coisas que também são valiosas para mim.”
Vale a pena viver essas fases, como em qualquer processo de luto. Caso contrário, você vai ficar tentando exercer seu poder mesmo depois de tê-lo perdido.
Portanto, tudo isso se resume em uma fase do processo de transição para o pós carreira. Dói mais quando nos pega de surpresa. Por isso, eu escrevo sobre essas perdas para você, na esperança de que possa refletir, olhar para dentro, se conhecer melhor e tornar essa fase algo que vai passar rapidinho e doendo só um pouquinho!
Lembre-se que uma nova identidade espera por você quando sua carreira acabar e é possível começar a pensar nela desde já.