17 gestores em 30 anos. Ep.#5 Feedback do gestor, pedir ou não pedir?

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    Liderança

    17 gestores em 30 anos. Ep.#5 Feedback do gestor, pedir ou não pedir?

    Curioso como me deparei inúmeras vezes com a sensação de que não estava recebendo feedback, enquanto meu gestor dizia que estava “tudo bem”.

    No fundo, eu ficava um pouco desapontada porque, embora aliviada por estar aparentemente fora da zona de risco, o “tudo bem” de um gestor pode ser pouco para quem quer ir mais longe.

    Será que quando está “tudo bem” não é necessário haver feedback?

    Eu não me lembro de muitas situações em que tive a rotina de receber feedbacks formais dos meus gestores. Quando acontecia, em geral era pela necessidade de explicar bônus relacionado a desempenho e, portanto, praticamente só uma vez ao ano. Aí vinha aquela visão de retrovisor, enquanto o que eu queria mesmo era saber como crescer dali em diante.

    Enquanto eu ocupava posições táticas, tinha em mente que o meu desempenho dependia apenas do meu esforço.  Na maioria das vezes, os objetivos estratégicos da empresa não chegavam tão claros para mim, nem para ninguém a minha volta, mas eu sempre buscava ter bem claro o que era esperado de mim e do meu time. Ou seja, quais deveriam ser os próximos passos. E, em especial, qual era o próximo degrau.

    Depois de ter trabalhando muito tempo com um mesmo gestor, paternal e muito mais voltado a pessoas, tive que me adaptar a um outro perfil mais focado em processo e resultado, que além de tudo era controlador. No entanto, eu sabia que ele poderia me ensinar muito, mesmo com aquele jeitão mais distante. A conversa era curta e direta, mas sempre vinha conteúdo (se eu cutucasse, é claro). Era só uma questão de perguntar e ouvir. 

    Um dia eu disse para ele:

    – Eu estou muito entusiasmada com a oportunidade que tenho aqui, se você me disser claramente onde temos que chegar, eu estarei focada nisso até conseguirmos. 

    Ele levantou os olhos do computador, ficou bem de frente para mim, entrelaçou os dedos das mãos em cima da mesa e, finalmente, me deu a atenção que eu queria.

    Eu tinha que perguntar o que ele esperava de mim além do óbvio, simplesmente porque eu queria mais que do que apenas fazer o que era esperado. Eu queria reconhecimento, queria uma promoção, queria sentir meu real crescimento.

    Chegou um certo ponto em que finalmente me vi em uma posição estratégica, em que minhas decisões geravam impacto direto e significativo nos resultados. E, nesta fase da carreira, não me lembro mesmo de ter recebido um “invite” para uma reunião de feedback individual.

    E daí por diante tive alguns gestores que talvez achassem que fazer reunião semanal com toda equipe era uma forma de estar presente. E, de fato é! É uma forma de estar presente do time, mas não necessariamente dos indivíduos. 

    O que eu sempre esperava dos meus gestores além daquela tradicional avaliação do que estava indo bem e o que poderia melhorar, era também um pouco de interesse sobre o que eu ambicionava profissionalmente, sugestões de como eu poderia buscar meu desenvolvimento, uma pitada de mentoria e inspiração. 

    Com o tempo, eu descobri uma forma que me ajudou muito a lidar com a falta do feedback do jeito que me interessava receber. Propus para meu gestor na época uma reunião semanal rápida só com ele, apenas para atualizá-lo do andamento dos assuntos estratégicos, algo que o interessava muito saber. Nesta reunião de checkpoint, eu sempre apresentava o que vinha fazendo, como, quais as dificuldades e respectivas alternativas encontradas e etc. Esta era a minha melhor oportunidade de receber um feedback, mas este momento mágico só acontecia se ao final eu disparasse a seguinte pergunta:

     – No meu lugar, você faria alguma coisa diferentes disto que eu te apresentei?

    Aí sim, o feedback vinha como uma nave que me levava exatamente onde eu queria, ou seja, para o centro das expectativas dele. Com isto eu me tornava empática e estabelecia uma relação de verdadeira confiança mútua com meus gestores, que na maioria deles, hoje são meus amigos.

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